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sábado, 20 de outubro de 2012

MONONUCLEOSE INFECCIOSA | DOENÇA DO BEIJO

A mononucleose infecciosa, também conhecida como doença do beijo, é uma doença contagiosa, causada por um vírus da família do herpes (leia: HERPES LABIAL E GENITAL) chamado vírus Epstein-Barr (EBV), transmitido através da saliva. A mononucleose é mais comum em adolescentes e adultos jovens e se caracteriza pelos sintomas de febre, dor de garganta e aumento dos linfonodos.

Neste texto vamos abordar os seguintes pontos sobre mononucleose infecciosa:
  • Como se pega mononucleose.
  • Quanto tempo o paciente permanece contagioso.
  • Sintomas da mononucleose.
  • Doenças com sintomas semelhantes à mononucleose.
  • Diagnóstico da mononucleose.
  • Tratamento da mononucleose.
Transmissão da mononucleose infecciosa

O vírus Epstein-Barr é transmitido de humano para humano através da saliva. Por este motivo ganhou a alcunha de "doença do beijo". Além do beijo, a mononucleose pode ser transmitida através da tosse, espirro, objetos como copos e talheres ou qualquer outro modo onde haja contato com a saliva de uma pessoa contaminada.

Um indivíduo infectado pelo Epstein-Barr pode manter-se com o vírus na sua orofaringe por até 18 meses após a resolução dos sintomas, podendo contaminar pessoas com quem mantenha algum contato íntimo, principalmente se prolongado. É por isso que a maioria das pessoas que desenvolve mononucleose não se recorda de ter tido contato com alguém doente: A própria pessoa que transmite o vírus também nem sequer imagina que ainda possa transmiti-lo.
Doença do beijo
Doença do beijo

Não é de se estranhar, portanto, que apesar da baixa infectividade, em alguns países mais de 90% da população adulta já tenha tido contato com o vírus da mononucleose.

Você já deve estar pensando: 18 meses!  Posso transmitir mononucleose por 18 meses! Isso significa que não posso beijar ninguém por quase dois anos?

Não é bem assim. Vamos explicar.

Na maioria dos casos, as pessoas têm o primeiro contato com o vírus da mononucleose ainda quando criança. Esta infecção passa despercebida porque o vírus da mononucleose não costuma causar doença quando adquirido na infância. Na verdade, menos de 10% das crianças que se contaminam com o Epstein-Barr desenvolvem algum sintoma. Portanto, a imensa maioria da população já teve contato com o vírus da mononucleose e já possui anticorpos, estando imunes ao vírus.

Os casos de mononucleose na adolescência e juventude ocorrem naquela minoria que por acaso não foi contaminada ainda quando criança. Ao contrário do que ocorre nas crianças, nos adolescentes e adultos jovens a mononucleose infecciosa costuma causar os sintomas clássicos, que serão explicados mais à frente neste texto.

Também é importante salientar que apesar do modo de transmissão ser semelhante ao da gripe, o Epstein-Barr é um vírus menos contagioso, o que faz com que seja possível haver contato com pessoas infectadas e não se infectar. A infecção só ocorre após contato prolongado de uma pessoa contaminada com outra que nunca tenha sido exposta ao vírus..

Portanto, quando se soma o fato da maioria da população já ser imune à mononucleose com a natural baixa taxa de contaminação do vírus, o risco de transmissão entre jovens e adultos é muito baixo. Logo, uma vez curado dos sintomas, não há motivos para impedir ninguém de voltar a namorar.

Sintomas da mononucleose

Como acabei de explicar, quando adquirida na infância, a mononucleose costuma passar despercebida. Menos de 10% das crianças infectadas apresentam sintomas. Essa incidência começa a subir com o passar dos anos, atingindo seu ápice entre os 15 e 24 anos. Esta é a faixa etária que mais costuma apresentar infecção sintomática. A mononucleose é rara após os 30 anos, uma vez que virtualmente todos neste grupo já terão sido expostos ao vírus em algum momento da vida.

Nas pessoas que desenvolvem sintomas, o período de incubação, ou seja, desde o contato até o aparecimento da doença, é em média de 4 a 8 semanas.

Os sintomas típicos da mononucleose incluem febre, cansaço, dor de garganta e aumento dos linfonodos do pescoço (ínguas). É um quadro muito semelhante às faringites comuns causadas por outros vírus e bactérias (leia: DOR DE GARGANTA - FARINGITE E AMIGDALITE). Outros sintomas inespecíficos, como dor de cabeça, dores musculares, tosses e náuseas também são comuns. Na mononucleose a fadiga costuma ser intensa e persiste por semanas após a resolução do quadro.

O aumento dos linfonodos na mononucleose infecciosa é um pouco diferente dos linfonodos da faringite comum, acometendo preferencialmente as cadeias posteriores do pescoço e frequentemente se espalhando pelo resto do corpo. Uma dica para o diagnóstico diferencial entre as faringites bacterianas e a mononucleose é que neste último pode haver o aparecimento de uma rash (manchas vermelhas) pelo corpo após o início de antibióticos, principalmente amoxicilina.

Rash da Mononucleose - Lesões de pele
Rash da mononucleose


Uma situação clássica é o paciente procurar o médico por infecção de garganta e receber uma prescrição de amoxicilina para tratamento. O paciente começa a tomar os antibióticos e horas depois surgem manchas vermelhas difusas pelo corpo.

Outro sinal característico da mononucleose é o aumento do baço, chamado de esplenomegalia. Quando este ocorre, é necessário manter repouso, devido ao risco de ruptura do mesmo. A ruptura esplênica (ruptura do baço) é rara, mas quando acontece leva a risco de morte devido ao intenso sangramento que se sucede. O baço aumenta tanto de tamanho que pode ser palpável abaixo das costelas à esquerda do abdômen..
O acometimento do fígado não é incomum, podendo levar a um quadro de hepatite com icterícia em até 20% dos casos. (leia: AS DIFERENÇAS ENTRE AS HEPATITES e ICTERÍCIA NO ADULTO E ICTERÍCIA NEONATAL). Outras complicações descritas, porém, menos comuns, são a síndrome de Guillain-Barré (leia: O QUE É A SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ ?) e a paralisia facial (leia: PARALISIA FACIAL | PARALISIA DE BELL | Causas e Tratamento).

A mononucleose não costuma causar maores problemas quando adquirida durante a gravidez. Não há evidências de aumento do risco de má-formação, aborto ou parto prematuro.

Síndrome de mononucleose x doença mononucleose

Um fato que causa confusão, inclusive entre médicos, é a diferença entre a doença mononucleose infecciosa e a síndrome de mononucleose. O primeiro é causado pelo Epstein-barr vírus e é o alvo de discussão deste artigo. Já a síndrome de mononucleose engloba todas doenças que podem cursar com dor de garganta, aumento de linfonodos, febre e aumento do baço. Entre elas destacam-se o HIV, citomegalovírus, linfomas e toxoplasmose. Portanto, ter mononucleose infecciosa é diferente de ter uma síndrome de mononucleose.

Diagnóstico da mononucleose infecciosa

O diagnóstico da mononucleose é feito através do quadro clínico e é confirmado por análises de sangue.

No hemograma da mononucleose um achado típico é o aumento do número de leucócitos (leucocitose), causado pela maior produção de linfócitos (linfocitose), ou seja, o paciente apresenta leucocitose e linfocitose (leia: HEMOGRAMA - Entenda os seus resultados).

Quando o fígado é acometido, pode haver elevação das enzimas hepáticas, chamadas de TGO e TGP (leia: O QUE SIGNIFICAM AST (TGO), ALT (TGP) E GAMA GT?).

O diagnóstico definitivo, porém, é feito através da sorologia, com a pesquisa de anticorpos. O mais comum e simples é um exame chamado monoteste.

Tratamento da mononucleose

O tratamento baseia-se em sintomáticos e repouso. Não há droga específica para o vírus e o quadro costuma se resolver espontaneamente em duas semanas.

Devido ao risco de ruptura do baço, recomenda-se evitar exercícios por pelo menos quatro semanas.

Durante muitos anos se associou a mononucleose com a síndrome da fadiga crônica (leia: SÍNDROME DA FADIGA CRÔNICA). Porém, hoje sabe-se que a fadiga da mononucleose é diferente. O cansaço prolongado que pode ocorrer normalmente não vem associado com os outros sintomas da síndrome e normalmente ocorre por reativações mais fracas do vírus.

VERRUGAS COMUNS | VERRUGAS GENITAIS

As verrugas são pequenos tumores benignos que aparecem na pele causadas pela infecção pelo Papiloma vírus humano (HPV), o mesmo vírus que causa o câncer do colo do útero.

Neste texto vamos abordar apenas as verrugas comuns e as verrugas genitais. Se você está à procura de informações sobre o HPV e o câncer de colo do útero, leia: HPV | CÂNCER DO COLO DO ÚTERO | Sintomas e vacina.

Existem mais de 150 subtipos do HPV que é um vírus que infecta principalmente o epitélio da pele e das mucosas. Cada subtipo de vírus tem tropismo (atração) por uma área do corpo. Por exemplo, o HPV-2 e HPV-4 estão associados a verrugas comuns de pele, o HPV-1 a verrugas que acometem a planta dos pés e os HPV-6 e HPV-11 costumam infectar a região dos ânus e dos genitais.

As verrugas são mais comuns em crianças, adolescentes e adultos jovens.

É importante saber que uma pessoa com verrugas comuns não transmite o HPV pela via sexual nem corre risco de desenvolver câncer do colo do útero. A infecção fica confinada àquela área da pele. Uma verruga na mão, significa uma infecção pelo HPV restrita à mão.

A verruga comum de pele é um doença benigna, não causa câncer e costuma desaparecer espontaneamente com o tempo. A ocorrência de câncer está geralmente relacionado a alguns poucos subtipos do HPV, à infecções genitais e à presença de imunossupressão.

Já as verrugas genitais, também chamadas de condilomas,  são altamente contagiosas pela via sexual, seja ela oral, vaginal ou anal. A contaminação das mucosas do ânus e dos genitais pelo HPV acarreta em um maior risco de desenvolvimento de câncer no pênis, ânus e colo do útero, principalmente se forem causados pelos subtipos 6, 11, 16, 18, 31 ou 35.

Nem todo subtipo do HPV provoca verrugas e o surgimento do câncer não está ligado a presença destas. Os subtipos HPV-6 e HPV-11, responsáveis por mais de 90% dos casos verrugas genitais, apresentam baixo potencial de transformação em câncer quando comparados aos subtipos HPV-16 e HPV-18, que causam verrugas menos frequentemente, mas apresentam elevado risco de câncer do colo do útero. Entretanto, é muito muito comum que mulheres que apresentam verrugas genitais também tenham lesões pré-malignas no colo uterino.

Vamos, então, falar um especificamente sobre verrugas comuns e verrugas genitais (condilomas).

1. Verrugas comuns

Os HPVs que infectam a pele são normalmente contraídos quando há lesões como cortes e arranhões que permitem a invasão do vírus para dentro do organismo. A transmissão é de pele para pele, mas pode ocorrer também através de objetos como toalhas e roupas. O vírus também pode contaminar outras áreas do corpo do próprio paciente. Pessoas com doenças de pele ou lesões apresentam maior risco de serem contaminadas.

Desde a contaminação com o HPV até o aparecimento da verruga pode haver um intervalo de até 6 meses.

Cada organismo reage a infecção pelo HPV de modo diferente, o que significa nem todo mundo que é contaminado pelo vírus desenvolve verrugas. Quanto mais fraco o sistema imune, maior o risco de tê-las, isso inclui transplantados e pacientes com HIV (leia: SAIBA COMO FUNCIONA O TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS e SINTOMAS DO HIV E AIDS (SIDA)). Na verdade estima-se que até 80% da população venha a ser infectado pelo HPV em algum momento da vida, porém, apenas 5% destes irão desenvolver verrugas.
Verruga HPV
Verruga plantar (HPV-1)
As verrugas costumam surgir mais frequentemente nas mãos, nos pés, joelhos, cotovelos e na face, porém, qualquer região do corpo pode ser afetada. A verruga pode ser única ou múltiplas, e apresentar diversos aspectos, variando de tamanho, cor e formato.

 Tratamento das verrugas comuns

 Um vez que o HPV fica restrito à região da verruga, a maioria dos tratamentos atuais não visam atacar o vírus propriamente, mas sim destruir a região da pele contaminada, tentando ao máximo preservar a parte sadia ao redor.

Antes de se submeter a um tratamento, é importante saber que 2/3 das verrugas se curam espontaneamente em um prazo de dois anos.

Existem várias opções para se tratar as verrugas, algumas mais efetivas, algumas menos dolorosas e algumas mais lentas. O tratamento das verrugas comuns é diferente do das verrugas genitais., apesar de algumas substâncias usadas serem as mesmas.

O uso de nitrogênio líquido é bastante eficaz, porém costuma ser algo doloroso e crianças tendem a não tolerá-lo. O tratamento precisa ser repetido algumas vezes e dura em média 3 meses. Como ele pode causar um clareamento da pele tratada, deve ser bem discutido se o paciente tiver pele escura.

O ácido salicílico é uma opção menos dolorosa e apresenta taxa de sucesso ao redor dos 70%. Outras opções incluem substância à base de cantarina, ácido bicloroacético, tretinoína, 5-fluorouracil ou excisão cirúrgica de lesão.

O Imiquimod  é uma substância que parece agir de modo distinto, estimulando o sistema imune a destruir o HPV.Ele é normalmente usado em associação com uma das opção de tratamento descritas acima

Se você tem uma verruga e deseja retirá-la, procure um dermatologista e discuta as opções mais adequadas para o seu caso.

2. Verruga genital (condiloma)

As verrugas anais e genitais recebem o nome de condiloma acuminado. Popularmente essas verrugas genitais são conhecidas como crista de galo.

O HPV genital é uma doença altamente transmissível pela via sexual, e como já foi explicado, o surgimento da verruga depende do subtipo do HPV infectante.

A infecção genital pelo HPV, com ou sem condiloma, é a doença sexualmente transmissível (DST) mais comum no mundo, sendo mais comum que a gonorreia e a clamídia (leia: GONORREIA | CLAMÍDIA | Sintomas e tratamento), que a sífilis (leia: SÍFILIS | SINTOMAS E TRATAMENTO - MD.Saúde) e o herpes genital (leia: HERPES LABIAL | HERPES GENITAL | Sintomas e tratamento).

Como qualquer DST, o seu principal fator de risco é a prática de sexo sem preservativos, principalmente se for com vários parceiros(as). A camisinha diminui o risco de contágio, mas no caso específico do HPV, a sua eficácia parece ficar em torno de 70%, muito abaixo das de outras DSTs (leia: CAMISINHA | Tudo o que você precisa saber). Mais uma vez é importante lembrar que uma pessoa pode estar infectada pelo HPV mesmo que não possua verrugas visíveis. O parceiro(a) contaminado também pode ou não desenvolver condilomas.

O condiloma acuminado pode demorar até 8 meses para se desenvolver após o contágio pela via sexual. O condiloma anal normalmente ocorre em pessoas que praticam sexo anal, porém, principalmente em mulheres, não necessariamente indica que o paciente teve relação sexual pela via anal.

Nas mulheres as lesões do HPV genital costumam acometer a vulva, colo do útero, vagina, períneo e ânus. A presença de condiloma, em qualquer área da região genital, é um fator de risco para o desenvolvimento do câncer de colo uterino.

Nos homens as lesões do HPV costumam aparecer no pênis, próximo a glande. Outros pontos possíveis são a bolsa escrotal e o ânus, este último principalmente, mas não exclusivamente, após relação homossexual.

A prevalência do condiloma acuminado é maior em pacientes com imunossupressão, principalmente nos portadores de HIV com AIDS (SIDA).

As verrugas genitais costumam ser assintomáticas, causando apenas desconforto estético no caso de condilomas grandes e visíveis. Às vezes, a verruga é tão pequena que o paciente nem se dá conta da sua existência. Em alguns casos, entretanto, podem haver queixas de comichão, dor, queimação, sangramento e, nas mulheres, corrimento vaginal.

As infecções genitais pelo HPV estão relacionadas a um maior risco de câncer anal, peniano, vaginal e de colo do útero.

Tratamento da verruga genital (condiloma acuminado)

Entre as substâncias mais usadas incluem-se o nitrogênio líquido, podofilina, Imiquimod, ácido tricloroacético ou ácido bicloroacético. Nos condilomas grandes, a excisão cirúrgica ou a Laser é muitas vezes necessária.

Vacina contra HPV

A vacina contra o HPV visa a prevenção contra o câncer do colo de útero. Existem 2 vacinas contra o HPV: uma inclui os subtipos 6, 11, 16 e 18, e outra os 45 e 31. Portanto, a vacina inclui os principais, mas não todos os subtipos relacionados ao câncer de colo uterino. Logo, a vacinação não elimina a necessidade do exame preventivo anual já que não elimina em 100% o risco de câncer.

Apesar do objetivo principal ser a prevenção contra o câncer de colo uterino, a presença dos subtipos HSV-6 e HSV-11 na vacina ajuda também na prevenção do condiloma acuminado.

O QUE É DST?

DST é a sigla para Doenças Sexualmente Transmissíveis, também chamada de doenças venéreas. As DST são um importante problema de saúde pública em todos os países. Entre as complicações mais comuns das doenças sexualmente transmissíveis estão a infertilidade, o câncer do colo do útero, a doença inflamatória pélvica e o aumento do risco de contaminação pelo HIV.

Neste texto vamos fazer uma revisão sobre as principais doenças sexualmente transmissíveis, abordando as seguintes questões sobre as DST:
  • O que é DST?
  • Quais são as DST mais comuns?
  • Como se pega uma DST?
  • Quais são os fatores de risco para DST?
  • Como prevenir as DST?
  • Qual é o tratamento para as DST?
Quais são as DST mais comuns?

Existem várias doenças sexualmente transmissíveis, causadas por diferentes tipos de germes, incluindo bactérias, vírus, parasitas e protozoários. Entre as DST mais comuns, podemos citar:

- Cancro mole (cancroide) (leia: CANCRO MOLE | Haemophilus ducreyi).
- Chato (pediculose pubiana)
- Clamídia (leia: CLAMÍDIA | Sintomas e tratamento).
- Donovanose (granuloma inguinal).
- Gonorreia (leia: GONORREIA | Sintomas e tratamento).
- Hepatite B (leia: HEPATITE B | Sintomas e vacina).
- Hepatite C (leia: HEPATITE C | Sintomas e tratamento).
- Herpes genital (leia: HERPES GENITAL | Sintomas e tratamento).
- HIV / AIDS (leia: SINTOMAS DO HIV | AIDS).
- HPV / condiloma acuminado (leia: HPV | CÂNCER DO COLO DO ÚTERO | Sintomas e vacina).
- Linfogranuloma venéreo.
- Sífilis (leia: SÍFILIS | Sintomas e tratamento).
- Tricomoníase (leia: TRICOMONÍASE | Sintomas e tratamento).

Das DST citadas acima, as que apresentam maior incidência, em ordem decrescente, são HPV, clamídia, tricomoníase e gonorreia.

Candidíase, hepatite A e vaginose bacteriana (infecção pela bactéria Gardnerella) não são consideradas doenças sexualmente transmissíveis, apesar de eventualmente poderem ser transmitidas por esta via. Do mesmo modo, algumas infecções intestinais, como amebíase, giardíase, shigeloses e outras, podem ser transmitidas pela via sexual se houver contato com fezes contaminadas, como nos casos de penetração anal ou anilingus (sexo oral no ânus).

Para ser considerada uma DST a doença precisa ter a via sexual como modo de transmissão principal.
DST

Como se pega uma DST?

Parece um bocado óbvio perguntar como se pega uma doença sexualmente transmissível, porém, a maioria das DST pode ser transmitidas por outras vias que não a sexual.

Por exemplo, HIV e Hepatites B e C podem ser transmitidas através de agulhas contaminadas, transfusão de sangue ou de mãe para filho durante a gravidez. A sífilis pode ser transmitida através do beijo, caso existam lesões na boca. Já a pediculose pubiana (chato) pode ser transmitida através de toalhas ou roupas íntimas.

Portanto, DST é uma doença que é preferencialmente, mas não necessariamente, transmitida pela via sexual.

Das três vias sexuais (anal, vaginal e oral), a via anal é aquela que apresenta maior risco de transmissão e contaminação. Só para se ter uma ideia, um homem que é passivo em uma relação anal com parceiro contaminado apresenta 30 vezes mais chances de se contaminar com HIV do que um homem que é ativo em uma relação vaginal com uma parceira contaminada.

Algumas DST são mais contagiosas que outras. O risco de contaminação com uma única relação sexual vaginal é muito maior para doenças como hepatite B, gonorreia e clamídia do que para HIV, sífilis e HPV, por exemplo.

O sexo oral é a forma com menor taxa de transmissão, porém ela não é isenta de riscos. A pessoa que recebe o sexo oral costuma ter menos riscos, pois seu órgão genital só tem contato com a saliva. O parceiro(a) que fornece o sexo oral sofre mais riscos, pois tem contato com secreções vaginais ou penianas contaminadas.

Em geral, mulheres ou homens homossexuais têm maiores riscos de contaminação que homens heterossexuais. O risco mais baixo ocorre em mulheres homossexuais, contanto que não se compartilhe dildos ou qualquer outro objeto para penetração.

Já ter uma DST aumenta o risco de ter outras. Indivíduos com herpes genital ou gonorreia, por exemplo, se tiverem relações sexuais com pessoas portadoras do HIV aumentam muito seu risco de contaminação. A inflamação e as lesões genitais causadas por uma DST favorecem o contágio por outras DST.


Fatores de risco para DST

O principal fator de risco para se contrair uma DST é ter vida sexual ativa. A melhor maneira de se prevenir contra as DST é não praticar sexo. Porém, isso é uma opção viável para apenas um minoria das pessoas. Naqueles que não pretendem praticar o celibato, usar preservativos e não ter uma vida promíscua é a melhor conduta.

Quando se estuda a população que tem ou já teve alguma doença venérea, algumas dados são encontrados com certa frequência, podendo ser caracterizados como fatores de risco para contaminação. Através destes estudos é possível afirmar que as doenças sexualmente transmissíveis são mais comuns nas pessoas que apresentam as seguintes características:

- Idade entre 15 e 24 anos.
- Solteiro.
- Múltiplos parceiros sexuais.
- Início precoce da vida sexual.
- Pratica de sexo sem preservativos.
- Consumo frequente de álcool.
- Usuários de drogas.
- Relações sexuais com prostitutas.

 Além dos fatores acima, indivíduos que já tiveram uma DST têm maior risco de terem outras.

Sintomas das DST

O grupo das doenças sexualmente transmissíveis é bastante heterogêneo, por isso os sintomas são muito variados. De modo didático, podemos dividir o quadro clínico das DST em 3 grandes grupos.

1- Corrimento uretral (uretrite)

A inflamação da uretra, canal que drena a urina, é a principal característica de várias DST. Os sintomas mais comuns da uretrite são a ardência para urinar, chamada de disúria (leia: DOR AO URINAR | Principais causas) e o corrimento peniano ou vaginal (leia: CORRIMENTO VAGINAL | VAGINITE). Nas mulheres, além do corrimento é possível haver dor e sangramento vaginal.

Gonorreia, clamídia, tricomoníase e outras causas menos comuns, como infecções por Mycoplasma genitalium e Ureaplasma urealyticum são as principais DST que cursam com uretrite, como principal característica.

2- Úlceras genitais

Outra manifestação comum de doenças sexualmente transmissíveis é aparecimento de úlceras nos órgãos genitais. As DST com essa característica são a sífilis, donovanose (granuloma inguinal), linfogranuloma venéreo, herpes genital e o cancro mole.

Cada DST costuma formar úlceras com características próprias. Por exemplo: a sífilis cursa com úlcera indolor e limpa; o cancro mole com úlcera dolorosa e purulenta; o herpes costuma ter múltiplas pequenas úlceras muito dolorosas, etc.

Nas mulheres, as úlceras podem surgir dentro da vagina, não sendo facilmente visíveis. Na sífilis, que cursa com úlcera indolor, a lesão pode até passar despercebida.

3- Sintomas gerais

As doenças sexualmente transmissíveis também podem se apresentar com sintomas sistêmicos, por acometimento de órgãos internos.

A DIP (doença inflamatória pélvica) é uma infecção grave dos órgãos reprodutores feminino, como útero, trompas e ovários. Pode ser surgir como complicação da gonorreia ou da clamídia.

A inflamação do fígado é o quadro típico das hepatites B e C, mas podem também ocorrer na gonorreia disseminada e na sífilis secundária.

O HIV pode causar febre, faringite e o aparecimento de gânglios pelo corpo.

Em geral, cada DST tem seus sintomas específicos. É preciso ler individualmente sobre cada doença para conhecer seus sintomas.

Prevenção das DST

Como já foi dito, a melhor maneira de se prevenir contra uma DST é não ter relações sexuais. Todavia, esta orientação é impraticável para a imensa maioria da população. Portanto, é preciso pensar em outros modos de prevenção para as doenças venéreas.

As vacinas são métodos com elevada eficiência na prevenção de doenças. O problema é que atualmente só existem vacinas para duas DST: HPV e hepatite B.

Portanto, o método preventivo mais eficaz contra doenças sexualmente transmissíveis ainda é a camisinha (leia: CAMISINHA | Eficácia e instruções de uso). A camisinha não é um método 100% eficaz, mas apresenta uma taxa de sucesso bastante elevada.

Estudos mostram que os preservativos feitos à base de látex e poliuretano são impenetráveis ​​às partículas virais de HIV. O material é altamente seguro. As falhas surgem geralmente pelo mal uso do preservativo, permitindo que o mesmo saia do pênis ou que se rompa durante a relação sexual. Em geral, o uso da camisinha reduz em até 90% o risco de transmissão do HIV.

A camisinha também é muito efetiva na prevenção das outras DST, principalmente da gonorreia em homens. Por motivos ainda não bem entendidos, a DST que apresenta a menor taxa de prevenção com a camisinha é a tricomoníase. Mesmo assim, o uso regular do preservativo reduz em mais de 30% a chance de contaminação. O preservativo pode não ser um método perfeito, mas ele ainda é muito melhor do que ter relações desprotegidas.

A camisinha é ineficaz contra a pediculose pubiana, conhecida popularmente como chato. Esta doença é causada por um tipo de piolho que se aloja nos pelos pubianos, área não coberta pela camisinha. Portanto, durante o ato sexual, o contato íntimo entre as áreas de pelos púbicos não é evitado pelo uso do preservativo, tornando este método ineficaz contra a transmissão do Phthirus pubis, agente causador da pediculose pubiana.

Nos homens, a circuncisão é um modo eficaz para reduzir o risco de contaminação por DST (leia: CIRCUNCISÃO | Riscos e benefícios). Estudos mostram que homens circuncidados apresentam até 50% menos chances de se contaminarem com o HIV através de relações com mulheres quando comparados com homens que não se submeteram a circuncisão. Este benefício só está comprovado em relações heterossexuais.

A circuncisão protege apenas o homem. A taxa de transmissão do HIV para as mulheres é a mesma, independente do homem ser ou não circuncidado.

A circuncisão também parece diminuir a taxa de contaminação do homem contra sífilis, herpes e HPV, mas não contra gonorreia, tricômonas e clamídia.

Tratamento das DST

O tratamento das DST depende, obviamente, da sua causa. Algumas DST têm cura, outras não.

Infecções como sífilis, gonorreia, clamídia, linfogranuloma e tricômonas podem ser curadas com uso de antibióticos apropriados.

As infecções por hepatite B e C têm tratamento, mas a taxa de cura não é alta. Muitos pacientes vivem cronicamente com estas infecções.

O HIV tem tratamento, mas ainda não tem cura. O mesmo ocorre com a herpes genital.

O HPV não tem tratamento, mas em muitos casos o corpo consegue se livrar do vírus espontaneamente. O problema é o risco aumentado de câncer de colo do útero que as mulheres contaminadas apresentam.

Para saber mais detalhes sobre doenças sexualmente transmissíveis, acesse os links fornecidos neste texto para  ler sobre cada uma das DST descritas aqui.

Sinais e sintomas de câncer - Parte 2

Sintomas do câncer #8 - Perda de peso não intencional
Há vários mecanismos responsáveis pela perda de peso em pacientes com câncer. Anorexia e perda de peso estão presentes em mais de 50% dos pacientes com câncer no momento do diagnóstico. Até 35% dos pacientes com emagrecimento sem causa aparente têm câncer

O câncer costuma causar perda de apetite, mas o paciente pode perder peso e massa muscular sem que ainda tenha havido uma grande redução na sua ingestão de calorias. Ou seja, o paciente com câncer emagrece mesmo que ainda mantenha um boa ingestão de alimentos. Esta perda de peso ocorre pela produção de substâncias pelo tecido tumoral que leva ao consumo de massa muscular e gordura. Nas fases mais avançadas o paciente com câncer perde o apetite e o emagrecimento fica ainda mais evidente.

Além da anorexia e da ação direta de substâncias produzidas pelo tumor, existem também outros fatores associados à perda de peso no câncer, incluindo dor, distensão abdominal, náuseas, vômitos, infecções, dificuldade para engolir, saciedade precoce, má absorção dos alimentos ou efeitos adversos da quimioterapia ou radioterapia.

Quando o paciente já apresenta perda de peso, o câncer habitualmente já causa algum outro tipo de sintoma, o que ajuda no seu diagnóstico. Nestes casos, o tumor costuma ser facilmente identificável após uma simples investigação pelos médicos.
Câncer de esôfago
Câncer de esôfago
Sintomas do câncer #9 - Disfagia (dificuldade para engolir)

A dificuldade para engolir recebe o nome de disfagia; é um sintoma comum de câncer do esôfago.

A disfagia geralmente é progressiva. Inicialmente o paciente começa a notar que algumas comidas mais sólidas parecem ficar transitoriamente impactadas no esôfago. Com o tempo essa impactação começa a incomodar mais e o paciente involuntariamente passa a dar preferência a alimentos mais pastosos. Em fases avançadas, apenas líquidos conseguem ser ingeridos.

Além da dificuldade para engolir alimentos sólidos, o paciente também costuma apresentar episódios de engasgos e sensação de queimação no peito. A presença de refluxo gastroesofágico é um fator de risco para o câncer de esôfago (leia: HÉRNIA DE HIATO | Refluxo gastroesofágico).

Além do câncer existem outras doenças que podem causar disfagia, entre elas: lesões neurológicas, refluxo gastroesofágico, acalásia, esclerodermia, entre outros.

Sintomas do câncer #10 - sangue na urina

A presença de sangue na urina, chamada de hematúria, é um sinal de que há alguma lesão do trato urinário, acometendo geralmente rins, ureteres, bexiga ou uretra.

Muitas vezes a hematúria é microscópica, só sendo identificada através de exames de urina (leia: EXAME DE URINA | Leucócitos, nitritos, hemoglobina...). Quando a presença de sangue na urina é visível, damos o nome de hematúria macroscópica. O cânceres de bexiga ou de rim costumam causar hematúria visível, deixando a urina avermelhada.

Várias doenças podem causar sangue na urina, como infecção urinária, cálculo renal, glomerulonefrite, etc. O câncer não costuma ser a primeira hipótese diagnóstica na maioria dos casos, porém, deve ser pensado quando o paciente apresentar também as seguintes características:

- Idade maior que 40 anos.
- Fumante.
- Grande quantidade de sangue na urina.
- História de uso prolongado de analgésicos.
- História de radiação na região pélvica
- História de contato prolongado com tinta

Falamos com mais detalhes da hematúria neste artigo: HEMATÚRIA | URINA COM SANGUE.

Sintomas do câncer #11 - Aumento dos linfonodos

O aumento dos linfonodos (conhecidos também como gânglios ou ínguas), seja de forma generalizada ou apenas em uma região do corpo, pode também ser um sinal de câncer. A principal causa do aparecimento de gânglios palpáveis são as infecções. Algumas delas causam aumento generalizado dos gânglios, como tuberculose, sífilis, mononucleose, HIV... Outras infecções causam aumento localizado, como gânglios no pescoço nos casos de amigdalite.

Quando não há uma causa infecciosa óbvia para o aumento dos linfonodos, a origem pode ser um câncer. A neoplasia que mais causa linfonodos difusamente é o linfoma (leia: LINFOMA HODGKIN e LINFOMA NÃO-HODGKIN). Alguns cânceres também causam linfonodos localizados, como o gânglios na axila no caso de câncer de mama, ou gânglios no pescoço no caso de tumores da face e cabeça.

Linfonodos na região do cotovelo, axila ou clavícula são os mais associados à presença de um câncer e devem ser avaliados por um médico o mais depressa possível. Gânglios na região da virilha costumam ser benignos, geralmente causados por doenças sexualmente transmissíveis ou feridas de depilação. Porém, cânceres de útero, ovário, ânus ou pênis podem provocar o aumento de linfonodos nesta região.

Os linfonodos de origem maligna costumam ser duros e bem aderidos aos planos profundos da pele. Linfonodos de origem infecciosa tem consistência mais elástica e são dolorosos. A febre pode estar presente em ambos os casos, mas costuma ser alta nas infecções e baixa nas neoplasias malignas.

Sintomas do câncer #12 - Rouquidão

O surgimento de rouquidão é um sinal de lesão das cordas vocais. Ele é comum em pessoas que abusam da voz ou após quadros de laringite. Cantores podem desenvolver nódulos nas cordas vocais que provocam alteração da voz. Pacientes com refluxo gastroesofágico grave também têm riscos de desenvolver rouquidão.

O câncer na região da laringe pode acometer as cordas e provocar rouquidão. Cigarro e álcool são os dois principais fatores de risco para este câncer. A presença de dor de gargante, rouquidão, dificuldade para engolir e emagrecimento fala fortemente a favor de um tumor na região do pescoço, principalmente em fumantes de longa data.

Sintomas do câncer #13 - Anemia

A anemia é um sinal muito comum de câncer e pode ocorrer em qualquer tipo de tumor. As células tumorais costumam produzir substâncias que agem na medula óssea, inibindo a produção de hemácias (glóbulos vermelhos),o que leva à anemia.

A anemia também pode ser provocada por perda de sangue, como nos casos dos cânceres do intestino e do estômago. Estes tumores costumam causar sangramentos que podem provocar anemias por carência de ferro (leia: ANEMIA FERROPRIVA | Carência de ferro). Nem sempre há sangue visível nas fezes. A perda de sangue pode ser pequena, porém constante, levando o paciente a ficar anêmico sem que a origem seja óbvia.

Para saber mais sobre as causas de anemia, leia: ANEMIA | Sintomas e causas.

Sintomas do câncer #14 - Alterações nos testículos

O câncer de testículo é pouco comum na população geral, porém é o tumor maligno mais comum em homens entre 15 e 35 anos, um grupo que não costuma apresentar neoplasia malignas.

O achado mais comum no câncer de testículo é a presença de um massa na bolsa escrotal, que pode ser dolorosa ou não, associado à sensação de peso e a um testículo mais endurecido.

A dor no testículo não é dos sintomas mais comuns no câncer, sendo a presença de uma massa palpável um sinal que merece mais preocupação. Para ler sobre as causas de dor nos testículos: DOR NOS TESTÍCULOS | Principais causas.

Assim como as mulheres fazem no autoexame das mamas, todo homem deve fazer uma avaliação periódica da sua bolsa escrotal, procurando palpar massar ou alterações na consistência dos seus testículos. O câncer de testículo tem atualmente um elevada taxa de cura, acima de 90% nas fases inciais. Portanto, qualquer alteração deve ser imediatamente avaliada por um médico urologista.

14 SINTOMAS DE CÂNCER | Parte 1

Sintomas do câncer #1 - Lesões de pele
Câncer de pele
Sintomas do câncer - Câncer de pele

O câncer mais comum em todo mundo é o câncer de pele. Portanto, uma lesão na pele talvez seja o sinal ou o sintoma que mais habitualmente indica a presença de um câncer.

Dividimos os cânceres de pele em melanoma e não-melanoma, sendo o primeiro grupo muito agressivo e o último mais brando.

O melanoma costuma se apresentar com uma mancha escura na pele de aparecimento recente, em locais habitualmente expostos ao sol, como costas, braços, pernas e face. A lesão costuma se apresentar como uma nova "pinta" assimétrica, com bordos irregulares e alterações na tonalidade da cor. Explicamos o melanoma com mais detalhes no artigo: MELANOMA | Câncer de pele.

O câncer de pele não-melanoma também surge em áreas da pele mais expostas ao sol e costuma se apresentar como lesões avermelhadas, muitas vezes com elevações e escamações da pele. Uma aparência de pequena ferida que não cicatriza também é comum.
Câncer de próstata
Câncer de próstata (clique para ampliar imagem)
Sintomas do câncer #2 - Nódulo na próstata

O câncer da próstata é câncer mais comum do sexo masculino, por isso, alterações na próstata, principalmente em indivíduos acima dos 50 anos devem ser sempre levadas a sério.

O sinal mais típico do câncer da próstata é um nódulo na próstata encontrado durante o exame de toque retal ou através de uma ultrassonografia.

O tumor da próstata se estiver próximo à uretra pode causas sintomas como jato urinário fraco, dificuldade para iniciar a micção e necessidade de urinar com frequência, sempre pequenos volumes.

Alguns tumores da próstata, entretanto, crescem longe da uretra (ver figura acima) e podem não causar nenhum sintoma até fases bem avançadas da doença. Por isso, o rastreio do câncer da próstata com o toque retal, o exame de PSA e a ultrassonografia são importantes na detecção precoce do tumor.

Falamos sobre o câncer da próstata com detalhes no artigo: CÂNCER DE PRÓSTATA | Sintomas e tratamento.

Sintomas do câncer #3 - Nódulo na mama

câncer de mama - sintomasO câncer mais comum nas mulheres é o câncer de mama.

O primeiro sinal ou sintoma do câncer de mama costuma ser o aparecimento de um nódulo palpável em uma das mamas. Um nódulo maligno costuma ser duro, de formato irregular e bem aderido aos planos profundos.

A presença de gânglios na axila, alterações no mamilo, secreção sanguinolenta e alterações na textura da pele na mama também são sinais de alerta que podem indicar câncer de mama.

O autoexame das mamas deve ser realizado mensalmente para que pequenas anormalidades possam ser detectadas precocemente. Porém, nem todo câncer de mama é detectável à palpação; na verdade apenas 10% o são, por isso, o exame preventivo com mamografia é essencial.

Falamos sobre o câncer da mama com detalhes no artigo: CÂNCER DE MAMA | Sintomas e diagnóstico.

Sintomas do câncer #4 - Sangue nas fezes

O quarto tipo de câncer mais comum é câncer de cólon e reto.

Os dois sintomas mais comuns do câncer colorretal são o sangramento nas fezes e a prisão de ventre de início recente. Como muitos indivíduos sofrem de constipação intestinal crônica, esse sinal acaba não ajudando muito, já que o paciente não nota muita alteração do seu padrão habitual de evacuação. A presença de sangramento anal, por outro lado, é um sinal que é mais fácil de ser notado.

É importante salientar que existem várias causas para sangramento nas fezes além do câncer de intestino. Hemorroidas, por exemplo, são causas comuns de sangramento anal (leia: HEMORROIDAS | Sintomas e tratamento).

No caso do câncer de cólon, quando há sangramento, o tumor costuma já estar bem avançado. Nas fases inicias o tumor pode até sangrar, mas o faz em pequenas quantidades, não sendo perceptível ao olho nu. Nestes casos o paciente pode apresentar anemia com carência de ferro, por perdas pequenas, porém constantes de sangue nas fezes (leia: ANEMIA FERROPRIVA | Carência de ferro). A pesquisa de sangue oculto nas fezes e a colonoscopia ajudam no diagnóstico.

Falamos sobre a perda de sangue nas fezes com detalhes no artigo: SANGUE NAS FEZES | Hemorragia digestiva.

Sintomas do câncer #5 - Tosse com sangue

O câncer de pulmão é outro tumor extremamente comum, só perdendo em incidência para o câncer de pele quando levamos em conta homens e mulheres juntos. 90% dos casos de câncer de pulmão ocorrem em fumantes (para saber mais sobre os fatores de risco para o câncer de pulmão, leia: CÂNCER DE PULMÃO | Cigarro e outros fatores de risco).

Portanto, o aparecimentos de alguns sinais e sintomas em fumantes deve acender um sinal de alerta. Cerca de 70% dos pacientes com câncer de pulmão apresentam tosse persistente. 50% apresentam tosse com escarro sanguinolento.

É importante salientar que várias doenças, entre elas a tuberculose e a bronquite crônica, esta última também causada pelo fumo, também pode se manisfestar com tosse e secreção sanguinolenta (para ver a lista completa de causas, leia: TOSSE E ESCARRO COM SANGUE | Principais causas).

O fato é que, independentemente de ser causada ou não por um câncer de pulmão, a presença de tosse com escarro sanguinolento quase sempre indica alguma doença potencialmente grave, sendo necessária avaliação médica imediata.

Sintomas do câncer #6 - Sangramento vaginal

O sangramento vaginal fora do período menstrual, durante a menopausa ou após relação sexual é um dos sintomas possíveis do câncer do colo do útero. Uma alteração do padrão menstrual, com aumento do volume de sangue, também é um sinal de alerta, princialmente em mulheres acima dos 45 anos.

A maioria dos casos de câncer de colo de útero é assintomática nas fases inicias, daí a importância do exame preventivo. Quando surgem os sintomas descritos acima, geralmente o tumor está em fase avançada.

Mais uma vez cabe ressaltar que há várias outras causas para sangramento vaginal, sendo a avaliação médica essencial para diferenciá-las.

Sintomas do câncer #7 - Nódulo na tireoide

Um nódulo na tireoide é um achado muito comum, acometendo até 1/3 da população em geral. O nódulo geralmente é assintomático, mas pode ser palpável em alguns casos. Ter um nódulo na tireoide não costuma indicar uma doença mais grave, entretanto, cerca de 5% dos casos são na verdade um câncer de tiroide.

O aparecimento de um nódulo durante a vida adulta é algo relativamente comum e na maioria das vezes não indica a presença de um câncer. Já em crianças, a presença de um nódulo não é tão comum e deve ser encarada com mais cuidado. Um nódulo de tireoide em um criança tem o dobro de chances de ser um câncer quando comparado a um nódulo em um adulto.

Portanto, qualquer nódulo na tireoide deve ser avaliado por um médico endocrinologista para que a hipótese de câncer possa ser descartada. O principal fator de risco para o câncer de tireoide é a exposição à radiação durante infância/juventude.

Para saber mais sobre nódulos da tireoide, leia: NÓDULO DE TIREOIDE.

O QUE É O CÂNCER?

O câncer (para brasileiros) ou cancro (para os resto dos países lusófonos) é o termo usado para designar mais de 100 doenças diferentes, que apresentam em comum, o crescimento desordenado de células anormais que possuem capacidade de invadir tecidos e se espalhar para outras regiões do corpo através dos vasos sanguíneos.

Neste texto vamos abordas as seguintes questões sobre o câncer:
  • O que é o câncer?
  • Como surge o câncer?
  • Por que o câncer é tão grave?
  • O que é uma metástase?
  • Que tipos de câncer existem?
  • Quais são os sintomas mais comuns do câncer?
Se você quiser ler sobre prevenção do câncer, acesse os links abaixo:
-
ALIMENTOS E CÂNCER
- PREVENÇÃO DO CÂNCER

COMO SURGE UM CÂNCER?

É um processo complicado, mas vou tentar escrever do jeito mais simples possível. Mais uma vez a descrição não será 100% exata, já que esse texto não é voltado para estudantes da área de saúde.

O ciclo básico de vida de uma célula é se multiplicar quando necessário e morrer quando se torna velha ou quando sofre alguma lesão na sua estrutura.

As nossas células são programas para se autodestruírem em caso de alteração da sua conformação original, principalmente se houver lesão no DNA (
código genético da célula, que determina suas características), não passível de reparo. Esta autodestruição se chama apoptose. Este mecanismo evita que lesões no DNA possam ser perpetuadas através da multiplicação de células anômalas.
Celula do câncerLesões celulares ocorrem diariamente em nosso organismo e são amplificadas pelo cigarro, radiação e produtos químicos, todas substâncias com alto potencial de lesão do DNA (carcinógenos). Só o cigarro possui mais de 4000 substâncias comprovadamente carcinógenas.

Graças a apoptose, não desenvolvemos câncer a todo momento.

O processo de multiplicação celular e apoptose é controlado por um grupo de genes chamado de protooncogenes. São os genes supressores de tumor. O câncer começa a surgir quando ocorrem mutações nesses protooncogenes, fazendo com que suas funções sejam abolidas. Os genes alterados passam a se chamar oncogenes, e em vez de impedir a formação de tumores, passam a estimulá-los.

A partir desse momento as células com alterações estruturais não só conseguem se multiplicar, como estão protegidas da apoptose. Portanto, são células se proliferam rapidamente e não morrem. Estas são as células cancerígenas.

Existem vários tipos de protooncogenes, cada tipo de câncer está relacionado a um ou mais desses. Os diferentes tipos de oncogenes explicam porque algumas famílias apresentam tendência a desenvolverem alguns tipos de câncer e porque o cigarro causa câncer de pulmão em alguns, de boca em outros, de bexiga, rins etc... A ausência de
ativação de oncogenes específicos também explica porque alguns fumantes nunca desenvolvem câncer.

POR QUE O CÂNCER LEVA À MORTE ?

As células cancerígenas além de se multiplicarem, conseguem produzir seus próprios vasos sanguíneos, o que permite a elas receberem nutrientes e formarem as massas de células chamada de tumores. Outro fator determinante é a capacidade dessas células anômalas de alcançarem a circulação sanguínea e viajarem pelo corpo.

Quanto mais lesão tiver sofrido o DNA da célula, mais diferente ela será da célula que lhe deu origem. E se ela é diferente, não consegue despenhar as funções vitais que a original exerce. Então, passamos a ter um quadro onde células que não desempenham nenhuma função se multiplicam de modo muito mais
rápido que o normal e passam não só a competir por alimento, como invadem e tomam o lugar das células normais.
Câncer - como surgem as metástasesDepois de um tempo passamos a ter um pulmão em que a maioria das células não consegue captar oxigênio, um intestino que não absorve nutrientes, um rim que não produz urina... Além disso, temos uma massa tumoral que cresce tanto que começa a esmagar e obstruir outros tecidos e vasos importantes. Um tumor do pescoço pode comprimir a traqueia e causar asfixia, um tumor de intestino obstrui a passagem das fezes, um tumor cerebral pode comprimir o cérebro contra o crânio etc...

A célula cancerígena tem a capacidade de invadir tecidos próximos e alcançar vasos sanguíneos, podendo viajar pela circulação e acometer outros órgãos distantes. Este processo se chama metástase. Os tumores benignos são aqueles que não tem capacidade de metastizar.

Alguns termos para melhor compreensão:
  • Câncer - São células anômalas com capacidade de multiplicação, invasão a distância e de destruição. O câncer é sempre maligno.
  • Tumor - É o aumento anormal de um tecido, pode ser maligno ser for criado por células cancerígenas, mas pode ser benigno se for por células sem características de câncer.
  • Neoplasia - Semelhante a tumor.
  • Carcinoma - Câncer originado das células epiteliais (tipo de células que recobre a pele e a maioria da superfície dos órgãos) (leia: O QUE É CARCINOMA?).
  • Sarcoma - Câncer originado de células de vasos, músculos, gordura, osso e cartilagem.
  • Mesotelioma - Câncer originado de células do mesotélio, tecido que envolve alguns de nossos órgãos como a pleura, pericárdio e peritônio.
  • Leucemia - Câncer que se origina de células do sangue na medula óssea.
  • Linfoma - Câncer que se origina das células de defesa do organismo

Sintomas de câncer

Como eu já disse, existem vários tipos de câncer e cada um tem sua apresentação clínica distinta. Um tumor cerebral tem sintomas completamente diferentes de um tumor de próstata.

Todavia, os cânceres apresentam um grupo de sinais e sintomas que são mais ou menos comuns a todos.

DOR

É conhecido de todos que doentes com câncer sofrem de dores crônicas. Mas por que isso acontece?A maioria das dores do cânceres são de origem óssea, principalmente pelas metástases. Qualquer tumor pode metastizar para os ossos, e doentes em fases terminais podem apresentar várias fraturas espontâneas pelo corpo. A cefaleia (dor de cabeça) também é um sintoma comum e pode ocorrer por metástases para o crânio, compressão do cérebro pelo tumor, lesões hemorrágicas ou compressão dos nervos faciais. A compressão de nervos periféricos pela massa tumoral pode ser causa de dor em qualquer local do corpo. A dor também pode ser um efeito colateral da quimioterapia e da radioterapia.

CAQUEXIA

A caquexia é uma diminuição do apetite associado a rápida perda de peso e massa muscular. Diferente da desnutrição comum, a caquexia se caracteriza por uma perda de peso desproporcional a falta de ingestão calórica, que normalmente não é corrigida mesmo com uma alimentação forçada.As células tumorais produzem substâncias que agem diretamente no tecido muscular e adiposo (gorduroso), levando ao seu consumo. Por isso, doentes com câncer apresentam tanta dificuldade em ganhar peso.

FADIGA

O cansaço crônico do doente neoplásico pode ser causado pela própria caquexia, por anemia, por dificuldade em dormir (normalmente pela dor), e pela ação direta de substâncias produzidas pelo tumor.Também pode ser um efeito secundário do tratamento.

ANEMIA

A anemia é um achado quase universal nos cânceres. Qualquer doença crônica pode causar uma inibição na produção de hemácias pela medula óssea, e o câncer não é diferente. A anemia pode ser também por sangramentos do tumor, por inibição da absorção de ferro, por invasão tumoral da medula óssea ou por ação direta da quimioterapia e da radioterapia.

TROMBOSE

Pacientes com tumores malignos tendem a
apresentar um estado de hipercoagulabilidade, ou seja, o sangue inapropriadamente coagula dentro do próprio vaso, formando trombos (leia sobre trombos no texto sobre AVC). Pode haver trombose de artérias e veias, assim como uma síndrome gravíssima chamada de "coagulação intravascular disseminada" (CIVD), onde a cascata da coagulação começa a ser ativada no corpo todo ao mesmo tempo, levando a formação simultânea de trombos e hemorragias difusas.

A ocorrência de trombose pode ser o primeiro sinal de uma neoplasia, e às vezes, antecede o diagnóstico de câncer em vários meses.

Para ler um artigo mais detalhado sobre os sintomas do câncer, acesse os links abaixo:
-
14 SINTOMAS DE CÂNCER | Parte 1
- 14 SINTOMAS DE CÂNCER | Parte 2 

Sintomas específicos dos principais tipos de câncer

Além dos sintomas inespecíficos, listados acima, comuns a quase todos os tipos de cânceres, cada um apresenta ainda um conjunto de sintomas específicos relacionado ao órgão acometido.

1) Sintomas do câncer de pele (leia:
Câncer de pele (Cancro de pele))

O câncer de pele é o tipo de câncer mais comum no Brasil. Ocorre principalmente em pessoas com mais de 40 anos e é muito raro em crianças e negros.

Existem vários tipos diferentes de câncer de pele, sendo o carcinoma basocelular,o carcinoma epidermoide e o melanoma, os mais comuns.

Os sintomas mais comuns do câncer de pele são manchas na pele, que podem ser muito parecidos com novos sinais ou pintas, porém, que mudam de forma, tamanho e cor. O câncer também pode se manifestar como feridas que não cicatrizam após 4 semanas.

2) Sintomas do câncer de próstata (leia:
CÂNCER DE PRÓSTATA)

O câncer de próstata é o mais comum no sexo masculino, porém, apresenta mortalidade menor que os cânceres de pulmão e melanoma. É um câncer que apresenta crescimento lento, podendo levar vários anos até causar sintomas. Atualmente a maioria dos cânceres de próstata são detectados antes de existirem sintomas clínicos da doença

Quando há sintomas do câncer de próstata, estes são dificuldade para urinar, com redução da força do jato urinário, dor para urinar, vontade frequente de urinar e, mais raramente, hematúria (leia:
HEMATÚRIA (URINA COM SANGUE )). Dores ósseas podem ocorrer em fases avançadas, quando já há metástases para os ossos.

3) Sintomas do câncer de mama (leia:
CÂNCER DE MAMA - Sintomas e diagnóstico)

O câncer de mama é o câncer mais comum nas mulheres. É raro antes dos 35 anos e é mais comum em pacientes com história familiar positiva.

Os sintomas mais comuns do câncer de mama são o aparecimento de nódulos ou tumorações nas mamas, alterações na textura da pele, retrações do mamilo e linfonodos nas axilas.

4) Sintomas do câncer de pulmão

O câncer de pulmão é segundo tumor maligno mais comum quando se leva em conta homens e mulheres, e é o que apresenta maior mortalidade. Mais de 90% dos casos ocorrem em fumantes (leia:
MALEFÍCIOS DO CIGARRO | Tratamento do tabagismo). Existem 4 tipos de câncer de pulmão: carcinoma de pequenas células, carcinoma epidermoide, adenocarcinoma e o carcinoma de grandes células.

Os sintomas mais comuns do câncer de pulmão são a tosse crônica, escarro com sangue (leia:
TOSSE E ESCARRO COM SANGUE), dor torácica, falta de ar (leia: FALTA DE AR (DISPNEIA)) e infecções pulmonares de repetição.

Sobre o câncer de pulmão, leia:
CÂNCER DE PULMÃO | Cigarro e outros fatores de risco

5) Sintomas do câncer de cólon

O câncer colorretal abrange os tumores que acometem o intestino grosso e o reto. É dos cânceres mais comuns em homens e mulheres acima dos 50 anos.

Os principais sintomas do câncer de cólon são a anemia por perda crônica de sangue nas fezes, que pode ser perceptível ou não, dores abdominais, massas palpáveis no abdômen, constipação intestinal, diarreia crônica (leia:
DIARRÉIA. SINAIS DE GRAVIDADE E TRATAMENTO ) e dor ao evacuar.

6) Sintomas do câncer de colo do útero (leia:
HPV | CÂNCER DO COLO DO ÚTERO | Sintomas e vacina)

O câncer de colo uterino está intimamente relacionado a infecção pelo vírus HPV, transmitido por via sexual.

Os principais sintomas do câncer de colo de útero são sangramentos vaginais e dor pélvica, porém, só ocorrem em fases tardias da doença.

7) Sintomas do linfoma (leia:
O QUE É UM LINFOMA ?)

8) Sintomas da leucemia (leia:
LEUCEMIA - Sintomas e Tratamento)

9) Sintomas do mieloma múltiplo (leia:
MIELOMA MÚLTIPLO | Sintomas e tratamento)

10) Sintomas do mesotelioma maligno (leia:
MESOTELIOMA | ASBESTOSE | Doenças causadas pelo Asbesto)

11) Sintomas do melanoma (leia:
MELANOMA | Câncer de pele)
Especialidade do assunto: Oncologia
5/5
Autor: Dr. Pedro Pinheiro

O QUE SÃO OS TRIGLICERÍDEOS?

Os triglicerídeos, também chamados de triglicérides ou triglicéridos, são as principais gorduras do nosso organismo e compõem a maior parte das gorduras de origem vegetal e animal.

Os triglicerídeos presentes no nosso corpo podem ser adquiridos através da alimentação ou produzidos pelo nosso próprio organismo pelo fígado. Os triglicérides são importantes, pois servem como reserva energética para os momentos de jejum prolongado ou alimentação insuficiente. Quando há um excesso de triglicerídeos circulando no sangue, damos o nome de hipertrigliceridemia.

Neste artigo vamos explicar os triglicerídeos e a hipertrigliceridemia, abordando os seguintes pontos:
  • O que são os triglicerídeos.
  • Níveis sanguíneos adequados de triglicerídeos.
  • Causas de hipertrigliceridemia.
  • Dieta e triglicerídeos.
  • Sintomas dos triglicerídeos altos.
  • Complicações da hipertrigliceridemia.
  • Tratamento para baixar os triglicerídeos.
Neste texto abordaremos exclusivamente os triglicerídeos, se você está à procura de informações sobre o colesterol, temos dois texto mais apropriados:
- COLESTEROL HDL | COLESTEROL LDL | TRIGLICERÍDEOS
- DIETA PARA BAIXAR O COLESTEROL.

O que são os triglicerídeos?

Os triglicéridos são a forma de gordura mais comum no nosso corpo, sendo usados ​​para fornecer energia para o organismo. Quando a quantidade de triglicérides está elevada, eles são armazenados nos tecidos adiposos (tecidos gordurosos) para o caso de serem necessários no futuro. Quando você desenvolve aquelas gordurinhas pelo corpo, como nos quadris ou na barriga, você está na verdade armazenando os triglicérides que estão em excesso.

Os triglicéridos estão presentes em vários alimentos comuns da nossa dieta, mas a maior parte costuma ser produzida pelo nosso fígado. Quando comemos carboidratos em excesso (doces, massas, pães, etc.), o fígado pega esses açúcares a mais e os transforma em triglicerídeos, para que eles possam ser estocados nos tecidos adiposos, servindo como reserva energética.

Os triglicerídeos viajam pela corrente sanguínea acoplados a uma proteína chamada VLDL, uma lipoproteína semelhante ao HDL e LDL que transportam o colesterol pelo sangue.

Níveis sanguíneos de triglicerídeos

Como veremos adiante, excesso de triglicerídeos no sangue está associado à deposição de gorduras nos vasos e aterosclerose, aumentando o risco de doenças cardiovasculares.

Todo indivíduo acima dos 20 anos deve medir seus níveis de colesterol e triglicerídeos pelo menos uma vez a cada 5 anos. Em relação aos níveis sanguíneos de triglicérides, classificamo-nos assim:
  • Normal - abaixo de 150 mg/dL.
  • Moderado - entre 150 e 199 mg/dL.
  • Alto - entre 200 e 499 mg/dL.
  • Muito alto - maior ou igual a 500 mg/dL.
O que causa triglicerídeos altos?

Os níveis de triglicerídeos podem se elevar por vários motivos. Algumas pessoas apresentam alterações genéticas que predispõem à hipertrigliceridemia, outras desenvolvem triglicerídeos altos secundariamente a uma dieta hipercalórica ou à presença de determinadas doenças. Entre as condições que mais frequentemente provocam hipertrigliceridemia estão:

- Obesidade
- Diabetes mellitus
- Hipotireoidismo
- Insuficiência renal crônica
- Síndrome nefrótica- Dieta hipercalórica
- Consumo excessivo de álcool - Gravidez.

O uso regular de alguns medicamentos também pode provocar um aumento dos triglicerídeos:

- Tamoxifeno.
- Corticoides - Betabloqueadores (propranolol, atenolol, carvedilol, bisoprolol, metoprolol...)
- Diuréticos
- Anticoncepcionais.
- Ciclosporina.
- Antirretrovirais.
- Isotretinoína (Roacutan).

O aumento dos triglicerídeos pode ou não vir acompanhado de alterações no colesterol. As duas situações mais comuns são triglicerídeos e LDL (colesterol ruim) elevados ou triglicerídeos elevados e HDL (colesterol bom) baixo. A elevação isolada dos triglicérides, sem alterações do colesterol não é muito comum.

Existem algumas formas de hipertrigliceridemia familiar, que são alterações de origem genética, que fazem com que o paciente produza triglicerídeos em excesso, independentemente da sua dieta. Nestes caso é possível que o paciente apresente níveis graves de triglicerídeos, às vezes acima dos 1000 mg/dL.

Dieta e triglicerídeos

Uma dieta rica em gorduras saturadas e carboidratos é uma importante fator de risco para hipertrigliceridemia. Pessoas com triglicerídeos elevado devem evitar o consumo regular de:

- Refrigerantes ou qualquer outra bebida rica em açúcar.
- Bebidas alcoólicas.
- Doces.
- Chocolate.
- Pão.
- Biscoitos.
- Massas.
- Pizzas.
- Batata.
- Sorvetes.
- Frozen yogurt.
- Tortas.
- Bolos.
- Leite integral.
- Frituras.
- Queijos gordurosos.

Quando for comprar comida, procure ler as informações nutricionais no verso de cada alimento e evite produtos ricos nos seguintes açúcares:

- Sacarose
- Glicose
- Frutose
- Xarope de milho
- Maltose
- Melaço

A lista de alimentos acima está longe de ser completa. Qualquer alimento rico em carboidratos e/ou gorduras saturadas pode causar aumento dos triglicerídeos. Mais à frente, na parte de tratamento da hipertrigliceridemia, daremos algumas dicas sobre a dieta para baixar os triglicerídeos.

Sintomas dos triglicerídeos altos
Xantomas e xantelasma
Xantomas
Via de regra, a hipertrigliceridemia não provoca sintomas. É impossível saber se seus triglicerídeos estão altos ou baixos sem realizar exames de sangue.

Pacientes com as formas familiares de hipertrigliceridemia, geralmente com valores de triglicérides cronicamente acima dos 500mg/dL, podem apresentar xantomas, que são depósitos subcutâneos de colesterol sob a forma de nódulos ou placas amareladas, que ocorrem frequentemente nas palmas, ao redor dos olhos, nos pés ou nas articulações.

Consequências da hipertrigliceridemia

Embora a relação entre triglicérides altos e risco cardiovascular tenha sido questionada no passado, com os atuais estudos tornou-se claro que pacientes com hipertrigliceridemia apresentam um maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares, particularmente doenças coronarianas. Permanece incerto, porém, se esta associação é causada diretamente pelos triglicerídeos altos ou por outros fatores associados à hipertrigliceridemia, como obesidade, diabetes e níveis elevados de colesterol LDL e níveis baixos de colesterol HDL.

Níveis elevados de triglicerídeos também estão associados a um maior depósito de gorduras no fígado, provocando uma alteração conhecida como esteatose hepática Quando os valores dos triglicéridos estão acima de 1000mg/dL, o paciente pode apresentar um quadro de pancreatite agudaTratamento da hipertrigliceridemia

O principal objetivo do tratamento da hipertrigliceridemia é reduzir o risco de doenças cardiovasculares. Ainda não se sabe se a simples redução dos valores dos triglicérides é suficiente para obter estes resultados. Por isso, o manejo da hipertrigliceridemia deve sempre incluir modalidades de tratamento que sabidamente são benéficas para pacientes com alto risco cardiovascular, como dieta balanceada, prática de exercícios físicos, perda de peso, controle do diabetes e controle do colesterol LDL e HDL.

Dieta para baixar os triglicerídeos

Em relação à dieta, como já referido anteriormente neste texto, pacientes com triglicerídeos elevados devem evitar alimentos ricos em carboidratos e gorduras. Dê preferência a alimentos ricos em fibras, peixes e alimentos ricos em gordura insaturada e pobre em gordura saturadas. Escolha pães, biscoitos e cereais que contenham aveia, grãos integrais, cevada, milho, arroz ou trigo como primeiro ingrediente. Dê preferência ao arroz integral e às massas à base de trigo integral. Nas bebidas, evite o álcool e prefira os refrigerantes diet. O leite deve ser desnatado.

Quando pensamos em baixar o colesterol LDL o mais importante é evitar alimentos gordurosos. Quando pensamos em baixar os triglicerídeos, limitar o consumo de carboidratos e calorias é o mais efetivo.

Remédios para baixar os triglicerídeos

Nos pacientes com  triglicerídeos acima de 200 mg/dL, o tratamento com medicamentos deve ser considerado. É importante destacar que o uso de remédios para controlar a hipertrigliceridemia de modo algum exclui a necessidade do paciente mudar hábitos de vida. Se não houver controle na dieta, perda de peso, controle do diabetes e aumento da carga de exercícios físicos, o beneficio do tratamento farmacológico ficará muito aquém do desejado.

Se além da hipertrigliceridemia o paciente também tiver níveis elevados de colesterol, o uso das estatinas, como Sinvastatina, Pravastatina, Rosuvastatina ou Atorvastatina pode ser útil. Estas drogas agem mais sob o colesterol, mas também tem algum efeito sobre os níveis de triglicérides.

Os fibratos (Gemfibrozil ou Fenofibrato) são drogas mais específicas para reduzir níveis de triglicerídeos, podendo alcançar reduções de até 70% em alguns casos. Estas drogas, porém, não agem sobre os valores de colesterol. Se houver necessidade de associar uma estatina a um fibrato, o Fenofibrato deve ser a droga de escolhe pois apresenta menos riscos de interação medicamentosa.

Suplementos ricos em óleo de peixe (ômega 3) também são efetivos para redução da hipertrigliceridemia. Para haver efeito, as doses devem ser elevadas, acima de doses 3 gramas por dia de ácido eicosapentaenoico/ácido docosaexaenoico (EPA/DHA), o que significa pelo menos 4 cápsulas por dia. Alguns pacientes não toleram doses muito altas de óleo de peixa, apresentando diarreia e cólicas abdominais.

ECLÂMPSIA | PRÉ-ECLÂMPSIA | Sintomas e tratamento

A eclâmpsia e a pré-eclâmpsia são complicações graves, associadas ao descontrole da pressão arterial, que podem surgir na fase final da gestação.

1) Pré-Eclâmpsia

Existem 4 tipos de hipertensão que podem ocorrer durante a gravidez (chamamos de hipertensão quando há pressões arteriais maiores que 140/90 mmHg. Sugiro a leitura do texto
HIPERTENSÃO (PRESSÃO ALTA) - SINTOMAS E TRATAMENTO para um melhor entendimento sobre esta doença).

1- Hipertensão crônica - É aquela que já existia antes da gravidez e continuará existindo durante e depois.

2- Hipertensão gestacional - É a hipertensão que aparece depois da 20ª semana de gestação em mulheres que nunca tiveram pressão arterial alta.

3- Pré-eclâmpsia é o surgimento de pressão arterial alta após a 20ª semana de gravidez associado a perda de proteínas na urina, chamada de proteinúria (leia:
PROTEINÚRIA, URINA ESPUMOSA E SÍNDROME NEFRÓTICA). A pré-eclâmpsia cura-se após o parto.

4- Pré-eclâmpsia superposta a hipertensão crônica é a pré-eclâmpsia que ocorre em mulheres previamente hipertensas.

A pré-eclâmpsia parece ocorrer devido a problemas no desenvolvimento dos vasos da placenta no início da gravidez durante a implantação da mesma no útero. Conforme a gravidez se desenvolve e a placenta cresce, a falta de uma vascularização perfeita leva a uma baixa perfusão de sangue, podendo causar uma isquemia placentária. A placenta em sofrimento por falta de circulação adequada produz uma série de substância que ao caírem na circulação sanguínea materna causa descontrole da pressão arterial e lesão nos rins.

Fatores de risco para pré-eclâmpsia

- Gravidez em mulheres com idade maior que 40 anos ou menor que 18
- História familiar de pré-eclâmpsia (inclusive na família do pai)
- Pré-eclâmpsia em uma gestação anterior
- Gravidez múltipla (gêmeos, trigêmios etc...)
- Mulheres previamente hipertensas (hipertensão crônica)
-
Obesidade (leia: OBESIDADE E SÍNDROME METABÓLICA)
- Diabetes mellitus (leia:
DIABETES MELLITUS - DIAGNÓSTICO E SINTOMAS)
- Doença renal crônica (leia:
INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA - SINTOMAS)
- Intervalo de
tempo prolongado entre gestações.
- Gestantes com doenças auto-imunes (leia:
DOENÇA AUTO-IMUNE)
- Primeira gestação

Sintomas da pré-eclâmpsia

A pré-eclâmpsia ocorre em 5% a 10% das gestações. 75% dos casos são leves e 25% são graves. Pode surgir em qualquer momento da gravidez entre a 20ª semana até alguns dias após o parto.

A hipertensão que surge após a 20ª semana de gestação é o sintoma mais comum. Porém, para se caracterizar pré-eclâmpsia e não apenas hipertensão gestacional, é preciso que haja também a presença de proteinúria (pelo menos 300 mg de proteínas em exame de urina de 24
horas. Leia: ENTENDA SEU EXAME DE URINA)

Praticamente toda gestante apresenta edemas (inchaços), porém, uma piora rápida e súbita dos edemas, principalmente acometendo o rosto e mãos, pode ser um sinal de pré-eclâmpsia.

Síndrome HELLP

A síndrome HELLP é a forma grave de pré-eclâmpsia. Esta é a sigla em inglês para os termos hemólise (hemolisys), enzimas do fígado elevadas (elevated liver enzymes) e plaquetas baixas (low platelets).

- Hemólise significa destruição das hemácias (glóbulos vermelhos), o que leva ao aparecimento da anemia hemolítica (leia:
ANEMIA - CAUSAS E SINTOMAS)

- O aumento das enzimas do fígado (TGO e TGP) é um sinal de lesão hepática, o que não deixa de ser um tipo de hepatite associada a pré-eclâmpsia (leia:
O QUE SIGNIFICAM AST (TGO), ALT (TGP) E GAMA GT?)

- Assim como há hemólise, também ocorre destruição das plaquetas, o que acaba por causar redução da concentração das mesmas na circulação sanguínea.

Além síndrome HELLP, existem outras manifestações da pré-eclampsia grave como alterações neurológicas tipo visão borrada, cefaléias (leia:
DOR DE CABEÇA - ENXAQUECA, CEFALÉIA TENSIONAL E SINAIS DE GRAVIDADE), confusão mental e até crise convulsiva. Quando esta última ocorre, estamos diante do quadro de eclâmpsia, explicado mais adiante.

Pressões arteriais acima de 160/110 mmHg, forte dor abdominal, proteinúria acima de 5 gramas (5000 mg) por dia, diminuição importante do volume de urina, edema pulmonar e grave falha de crescimento do feto são outros sinais e sintomas de pré-eclâmpsia grave.

Em relação ao feto, os riscos da pré-eclâmpsia incluem descolamento prematura da placenta, baixo crescimento e desenvolvimento intra-uterino e parto prematuro.

Tratamento da pré-eclâmpsia

O tratamento definitivo é a indução do parto. Nem sempre a pré-eclâmpsia ocorre em idades gestacionais que permitam a indução do parto sem prejuízos para o feto. Por outro lado, a não finalização da gravidez pode trazer consequências sérias para a mãe. Portanto, a decisão de se induzir o parto ou prolongar a gravidez deve levar em consideração a idade gestacional, a gravidade da pré-eclâmpsia e as condições de saúde mãe e do feto.

Em alguns casos pode-se indicar o internamento da mãe para um acompanhamento mais próximo da progressão da doença, tentando postergar o parto para o mais próximo possível da 40ª semana de gestação. Sempre que possível, a preferência é pelo parto normal.

Hipertensão arterial deve ser controlada, porém isso não interfere no curso da doença nem na mortalidade materna/fetal. É importante lembrar que alguns anti-hipertensivos famosos como o Enalapril, captopril e Adalat® são contraindicados na gestação. O controle da pressão arterial na gravidez deve ser feito somente sob orientação do ginecologista-obstetra.

O uso de corticoides (leia:
INDICAÇÕES E EFEITOS DA PREDNISONA E CORTICOIDES) está indicado para tratar temporariamente as complicações da síndrome HELLP, mas principalmente para acelerar a maturação dos pulmões do feto em caso de necessidade de indução do parto antes do termo.

A prevenção das crises convulsivas é importante e pode ser feita com a administração de sulfato de magnésio logo antes do parto.

2) Eclâmpsia

A eclâmpsia é o grau mais grave do espectro da hipertensão na gravidez, que inclui a hipertensão gestacional, a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia propriamente dita.

A caracterização da eclâmpsia se dá pela presença de uma ou mais crises convulsivas em uma gestante com pré-eclampsia já estabelecida.

Ao contrário do que se pensava antigamente e do que os nomes pré-eclâmpsia e eclâmpsias possam sugerir, uma doença não é evolução a outra. A eclâmpsia é na verdade apenas uma manifestação grave da pré-eclâmpsia.

Na verdade, a imensa maioria das gestantes com pré-eclâmpsia grave não irá apresentar eclâmpsia, e a apesar de pouco comum, mulheres com pré-eclâmpsia leve podem complicar com convulsões. Portanto, não há uma evolução linear entre as duas doenças.

Até 30% das convulsões ocorrem no momento do parto ou até 48h após o nascimento do bebê. As crises convulsivas duram em média 1 minuto e são geralmente precedidas por dor de cabeça, alterações visuais ou dor abdominal intensa. O tratamento é com sulfato de magnésio.

A presença de eclâmpsia é indicação para se induzir o parto após estabilização do quadro. O término da gravidez é o único tratamento curativo. 70% das gestantes com eclâmpsia que não interrompam a gravidez apresentarão complicações graves com risco de morte. Nas gestantes com idade gestacional baixa (menor que 32 semanas) pode se indicar a cesariana.